segunda-feira, outubro 31, 2005

Vincent Delerm ( et moi )


Delerm
Originally uploaded by AdamGreen.

Quando Vincent Delerm chegou á RUC, em formato promo album, confesso que me passou entre as mãos, sem que tivesse tido tempo ou até mesmo vontade de o escutar. Da corrente francesa conhecia só os clássicos como Gainsbourg ou Brel, ignorando a assunção de uma nova vaga de chanson française. Porém, dois anos mais tarde, reencontrei o nome Delerm. Quem me levou até ele foi um rapaz com o qual por vezes partilho ao final da noite, uma caneca de cappuccino. Chama-se Neil Hannon (aka. The Divine Comedy) e em plena digressão de Absent friends, mais precisamente em Paris, no Théatre Le Grand Rex, contou com a participação de Delerm no tema Booklovers, recitando este último um poema de Georges Perec. Daí a Kensington Square, um pequeno passo foi dado. Chegado a Kensington, inversão de marcha rumo a 2002. Vincent Delerm é desde logo um album de referências literárias, cinematográficas e musicais. A sua capa, reproduzindo uma película, sugere-nos o mundo fotográfico de Vincent, que capta a invariável rotina dos dias : as idas ao cinema (Deauville sans Trintignant), ao teatro (Le monologue Skakespearien), a casa da namorada (Tes parents), ao zoo (La vipère du Gabon) ... ou até mesmo aquelas noites em que ficar em casa se revela a melhor opção, mesmo que seja num velho sofá enquanto comemos biscoitos e folheamos velhas revistas (Cosmopolitan). Ao final do dia, recordamos Charlotte Carrington e todos aqueles que, como ela, vivem de projectos inadiáveis que, no entanto, se esfumam diariamente. Ao contrário de Vincent Delerm et moi ...

Pedro Sousa

sexta-feira, outubro 21, 2005

Revolver


Revolver - 1966
Originally uploaded by AdamGreen.

« I want to tell you / my head is filled with things to say .. »
- George Harrison

Será sempre discutível o estatuto que Revolver, álbum beatlesco de 1966, adquiriu ao longo dos anos. Muitos seguidores da banda de Liverpool consideram-no o melhor álbum editado pelos Fab 4. Muitos críticos consideram-no o definitivo ponto de ruptura que abriu as portas a um mais audaz percurso. Outros ainda, apontam Sgt. Pepper's ... e The White Album como justos detentores daquele título.

A minha escolha porém prende-se com critérios bem mais subjectivos. Revolver foi talvez o primeiro álbum que inconscientemente escutei (mesmo antes dos Ministars, Onda Choc e Queijinhos Frescos). Desde cedo que temas como 'For no one', 'Yellow submarine' ou 'Here, there & everywhere' me deixaram preso ao vinyl que girava num agora poeirento Panasonic. Daí que, quando o conceito do Alta Fidelidade surgiu (a partilha, ao redor de uma mesa, de memórias musicais), de imediato a viciante melodia de 'And your bird can sing' recordou-me que seria este o álbum a partilhar. Desde os primeiros momentos de 'Taxman' (cínico manifesto anti-establishement) até ao desconcertante final de 'Tomorrow never knows', encontramos quatro rapazes ávidos de se libertarem das amarras do formato « boy loves girl / he wants to hold her hand » e do conservadorismo de Abbey Road. Por entre a solidão de 'Eleanor Rigby', o marasmo de "I'm only sleeping' e a dependência de 'Dr. Robert' traçam o caminho que os levaria a Let it be. Contando com a cúmplicidade de George Martin, Revolver regista a dinâmica competitiva entre três escritores de canções e um baterista.
Bless the four!

Pedro Sousa

quinta-feira, outubro 20, 2005

Alta Fidelidade

A partilha de gostos e memórias musicais.
As curiosidades que gravitam à volta dos álbuns,
das diferentes formas de os escutar
e das memórias que lhes estão associadas.

Terças, 20-21h, em 107.9fm
e em: www.ruc.pt/emissao.php